Mesa discute os desafios da inclusão na Rede Federal de Educação Tecnológica em Roraima
No segundo dia do V Fórum de Integração do IFRR (Forint), terça-feira, 29, no Campus Boa Vista Centro do Instituto Federal de Roraima, a mesa-redonda discutiu o eixo temático “Outros sujeitos, outros saberes”. Os debatedores falaram dos desafios do Instituto Federal de Roraima em fazer a inclusão social de diferentes segmentos, como o negro, o indígena e a pessoa com deficiência.
A mediadora foi a professora doutora Ana Aparecida Vieira de Moura, e a mesa teve como debatedores o doutor Julvan Moreira de Oliveira, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), a mestra Pierlângela Nascimento Cunha, do Campus Amajari, e a especialista Lana Cristina Barbosa de Melo, do Campus Boa Vista Centro.
A proposta foi debater o tema baseando-se nos princípios da pesquisa qualitativa, na forma de estudo teórico ou relato de experiências, em eixos tematizados, discutindo a diversidade, o gênero, a cultura, os preconceitos, os saberes, ancorados em uma concepção ampla de educação no campo social. Outra proposta foi debater as práticas de ensino, pesquisa e extensão que se constituam pela atitude de abertura e acolhimento a um corpo de saberes transdisciplinares.
O professor Julvan destacou que o grande desafio de trabalhar outros saberes e outros sujeitos, no âmbito das instituições de ensino, era reconhecer que o conhecimento não é só o produzido pelo Ocidente. “Acho que o grande erro do Brasil, nos últimos anos, foi trazer tudo aquilo que foi pensado a partir da modernidade da Europa. Somente os europeus produziam conhecimento científico; os conhecimentos de outros povos não eram considerados conhecimentos científicos”, comentou.
Para ele, hoje está se quebrando essa realidade ao mostrar-se que outros povos também possuem conhecimento científico em várias áreas. “A filosofia dos povos africanos e indígenas pode ser incorporada, porque tem a mesma igualdade do que foi produzido na Europa. Só não estava na nossa academia por conta do racismo. Então, o desafio é quebrar esse modelo que vem da tradição da modernidade do pensamento, que era só o produzido pelo positivismo, pelo racionalismo”, afirmou.
Na análise da professora-debatedora Pierlângela, mais conhecida como Pier, o primeiro desafio é identificar quem são esses sujeitos, onde eles estão, de onde vêm, para que se tenha uma clareza com que outros saberes eles podem contribuir com a instituição. “A partir desse olhar e conhecimento é que nós vamos construir a parte pedagógica, a parte de ensino-aprendizagem, dentro da instituição”, disse.
Ela reforçou que esse olhar vai depender da perspectiva de quem está olhando. Como exemplo, mostrou as estatísticas estratificadas de alunos do Campus Amajari. “Para mim, são 53,1% de alunos indígenas atendidos”, explicou, ao defender que o aluno precisa ser ouvido. “Na minha concepção de docente, os outros sujeitos são alunos, e a gente se esquece de ouvir esses estudantes”, afirmou.
Para a professora Lana Cristina, o grande desafio da instituição é, primeiro, identificar “por que que são outros”. “Qual o parâmetro que faz com que eu entenda que esse é um e que aquele é outro? O IFRR precisa discutir o que são os outros. Por que eu defino isto aqui diferente?”, questionou.
Lana comenta que a instituição precisa discutir o que entende por outros. “O que a instituição precisa fazer com todos os que estão aqui? Desenvolvê-los. O princípio básico de qualquer instituição é o desenvolvimento, e o professor precisa desenvolver qualquer aluno. Se uma sociedade não der condições a todos, tem que se mudar essa sociedade”, apontou.