Mulheres são maioria nas salas de aulas do CBVZO
No CBVZO as mulheres representam 57% das pessoas matriculadas na educação básica e quase 60% das matriculadas no ensino superior
Por Sheneville Araújo
Não fugindo ao contexto nacional, em que as mulheres estão à frente em todos os níveis de ensino, no CBVZO elas são maioria nas salas de aula, o que reflete diretamente também na quantidade de pessoas formadas pela unidade de ensino do IFRR, com as mulheres superando os homens também.
Os dados estatísticos mais recentes do Censo Escolar, divulgados em 2021, demonstram que, na educação básica, as mulheres representam mais de 57% das pessoas matriculadas e que, no ensino superior, esse percentual sobe, chegando a mais de 72%.
No CBVZO, esse quadro é parecido com o do panorama nacional, com o índice de 53% de mulheres matriculadas nos cursos de educação básica (ensino médio integrado ao técnico e ensino técnico subsequente ao médio) e mais de 68% nos de nível superior (graduação e pós-graduação).
Outro dado relevante da unidade de ensino é que, assim como as mulheres são maioria nas salas de aula, elas são as pessoas que mais conseguem concluir as formações ofertadas pelo campus.
Para a diretora de Ensino do CBVZO, Rafaela Morgade, a educação é o instrumento mais poderoso para a transformação social, e as mulheres, desde que conquistaram esse direito, por muito tempo negado, sempre souberam manuseá-lo muito bem, demonstrando, cada vez mais, os melhores desempenhos na área acadêmica. Mas, apesar disso, os resultados ainda não são devidamente reconhecidos e refletidos no meio profissional, já que os cargos e as remunerações continuam sendo exemplos de desigualdade entre homens e mulheres, ainda que o preparo delas seja igual ou até maior, muitas vezes, prova de que a luta pela superação precisa continuar”, disse.
“Toda conquista da mulher é galgada por meio de muita luta e esforço, e isso não é diferente no contexto escolar, seja ela filha, mãe, esposa ou avó, ou trabalhe em casa ou fora de casa. Apesar de sermos a maioria da população, não significa que a luta para ingressar, permanecer e ter êxito na escola seja fácil. Mas conseguimos demonstrar, inclusive em resultados estatísticos, que sempre podemos. E nós, do CBVZO, temos uma satisfação imensa em conviver com tantas mulheres que estão lutando para poder estudar e mudar a história delas, e podemos contribuir para essas trajetórias, que estão sendo edificadas, com certeza, com uma base segura e necessária: a educação”, ressaltou Rafaela.
O diretor-geral da unidade de ensino, Issac Sutil, afirma que esse é um dado a ser comemorado pela comunidade acadêmica do campus, levando em conta o fato de que as mulheres ainda sofrem muitas desigualdades no mundo do trabalho, como a diferença salarial em relação aos homens, mesmo estando mais qualificadas, e que esse fator deve ser motivo de reivindicação para, no mínimo, buscarem equidade nos cargos em todos os setores produtivos.
“Nós, do CBVZO, ficamos muito felizes em poder contribuir para essa busca pela formação. Sabemos que, desde que conquistaram esse direito à educação, algo que lhes foi negado durante muito tempo, há séculos já superado, as mulheres têm se mostrado muito persistentes em se tratando do preparo para ser o que quiserem. Estamos aqui para apoiar essa luta, oferecendo as oportunidades que merecem e com a qualidade a que têm direito”, declarou o diretor.
Ele destacou ainda a importância desse acesso das mulheres à educação e a conquista da formação, sobretudo em uma área de vulnerabilidade social como a do bairro onde o CBVZO funciona.
“Esta unidade de ensino do IFRR foi instalada aqui nesta zona da cidade de maneira estratégica, justamente para contribuir para a luta contra as desigualdades sociais, por exemplo, entre entre homens e mulheres, ainda muito fortes nos dias de hoje, mas sabemos que a educação é, e sempre será, um fator-chave para as transformações sociais, entre elas a conquista da equidade entre todas as pessoas”, comentou Sutil.
HISTÓRIA – Apesar de hoje as mulheres estarem em maioria em todos os níveis de ensino do Brasil, nem sempre foi assim. Até o século 17, as poucas mulheres que tinham acesso ao estudo, aprendendo a ler e escrever, eram de classe média alta, e isso somente nos conventos, entre as aulas de costura, bordado e outras atividades consideradas de interesse feminino para a época.
Somente em 1759, elas foram autorizadas a frequentar as escolas particulares, mas em turmas separadas por sexo e com aulas somente voltadas para ler e escrever, além das quatro operações matemáticas.
Em 1827, elas ganharam o direito, por lei, de frequentar colégios para além do primário, mas sem ter acesso a todas as matérias ensinadas aos meninos, sobretudo as consideradas mais racionais, como a geometria, devendo, pois, aprender obrigatoriamente as chamadas “artes do lar”.
Enfim, mais de 50 anos depois, em 1879, as mulheres começaram a ser aceitas na faculdade. Mas, para isso, as solteiras tinham que apresentar autorização dos pais; e as casadas eram obrigadas a ter o consentimento por escrito dos maridos.
A primeira mulher a ter um diploma de nível superior no Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes, que, em 1887, se graduou pela Faculdade de Medicina da Bahia.