FIC PISCICULTOR – Capacitação oferecida pelo Campus Amajari tem aluno de Moçambique

por Bruna Dionísio Castelo Branco publicado 16/12/2020 21h12, última modificação 16/12/2020 21h12
Com público diverso, curso na modalidade a distância supera barreiras geográficas e culturais

O Campus Amajari do Instituto Federal de Roraima (CAM/IFRR) deu início, em novembro, ao curso de formação inicial e continuada (FIC) de Piscicultor. Com carga horária de 160 horas, ele está sendo realizado totalmente na modalidade a distância (EAD). Foram ofertadas 150 vagas para o público em geral.

Superando distâncias geográficas, o curso atravessou fronteiras territoriais. A comprovação disso é o caso do estudante moçambicano Edio Macamo, que se inscreveu para buscar melhorias no trabalho. Ele conheceu o Campus Amajari em uma visita técnica, em 2019. Ao saber da abertura do curso a distância, decidiu se inscrever. “Inscrevi-me porque tenho uma certa paixão pela piscicultura e vi a oportunidade de melhorar e aprofundar meus conhecimentos sobre o tema e ter uma relação com mais produtores”, contou.

Edio, que é professor na área de ciências agrárias em Moçambique e atua em uma empresa de consultoria e assessoria rural, relata que participar das aulas tem suas complicações, principalmente na interação com os professores e os colegas nos fóruns de discussão, pois o fuso horário do seu país é muito diferente do brasileiro e a natureza do seu trabalho exige muita dedicação. No entanto, o estudante revela estar aproveitando bem o curso e satisfeito com as aulas.

Conforme o professor formador do curso FIC Lucas Comassetto, a capacitação já era demandada há muito tempo e, durante o período de distanciamento social, devido à pandemia da Covid-19, o campus percebeu a possibilidade de ofertá-la na modalidade EAD. “Ficamos surpresos, porque o curso saiu das fronteiras do Estado de Roraima e chegou a outro país, como é o caso de Moçambique, no continente africano, onde reside o estudante Édio, que participa ativamente das aulas”, afirmou.

Edio atua como professor de Ciências Agrárias em Moçambique

 

Para o professor, o curso ofertado no formato EAD é muito propício no momento atual. “Devido à pandemia, muitas pessoas passaram o ano sem ter acesso a capacitações e formações, e esse modelo de curso tem sido muito positivo e atendido à demanda”, disse. Comassetto acredita que o curso vá contribuir para o desenvolvimento da piscicultura no Estado de Roraima. “Há também alunos matriculados que já atuam na piscicultura, mas que ainda não possuem a certificação. Eles viram no curso a oportunidade de conhecer mais sobre a parte técnica do processo produtivo”, concluiu.

Além de ultrapassar as fronteiras geográficas, o curso FIC pode proporcionar o retorno aos estudos, como é o caso da estudante Maria José Sarmento, de 55 anos, moradora de Boa Vista. Ela, que há cerca de trinta anos está afastada do ambiente escolar, relatou sentir dificuldades no início das aulas. “O curso, no início, foi muito difícil para mim porque há muito tempo não frequento uma sala de aula, mas, graças aos professores, estou conseguindo me adequar. Na primeira etapa, quis desistir, tive vergonha de fazer perguntas aos professores; não sabia mexer no celular, mas minha filha me ajudou muito, e percebi que nunca é tarde para estudar”, contou.

Confiante e realizada, Maria José, que só tem o ensino fundamental, relatou estar feliz com a escolha de voltar à escola. Contou que foi cozinheira por muitos anos e que hoje trabalha como diarista. Ela confessou que, graças ao curso FIC, sente vontade de retomar os estudos. “Quero terminar o segundo grau e sonho em fazer o curso de veterinária ou outro que mexa com bichos. Minha filha ficou muito feliz quando lhe contei, me abraçou e me aplaudiu [...] Tudo na vida é uma superação. A cada dia que passa, a gente se surpreende com a gente mesma”, revelou.

Segundo a diretora de Políticas de Educação a Distância do IFRR, professora Betânia Grisi, a modalidade EAD é uma importante alternativa para a expansão dos serviços educacionais oferecidos pelo IFRR. “Especialmente em atenção às características socioeconômicas e geográficas regionais, que impõem uma série de desafios para o acesso de grande parcela da população roraimense à educação, e ao momento social vivenciado, em que precisamos resguardar servidores e estudantes dos riscos de contaminação da Covid-19”, disse.

Para Betânia, por meio da EAD, é possível continuar executando as ações com a garantia de qualidade no processo de ensino e ainda chegar a outro continente. “Se esta situação fosse a partir da modalidade presencial, a instituição não teria como absorver, considerando, principalmente, a restrição de horários e espaço físico. Ao optar pela modalidade a distância, o estudante assegurará condições de organizar melhor tanto a vida acadêmica quanto a pessoal, uma vez que poderá organizar a sua rotina de estudos respeitando o seu horário de trabalho, facilitando, assim, o cumprimento de suas atividades”, declarou.

O estudante certificado pelo curso FIC de Piscicultor é capaz de identificar as espécies com potencial para o cultivo; diferenciar e desenvolver sistemas de cultivo extensivo, semi-intesivo e intensivo; aplicar procedimentos básicos para reprodução artificial de peixes; monitorar e interferir nos parâmetros de qualidade de água no ambiente de cultivo;  calcular e fornecer alimentação nas diferentes fases de produção; realizar os procedimentos de despesca e conservação do produto e comercializar o pescado.

 

Bruna Castelo Branco
Ascom/Reitoria
16/12/2020

 

 

 

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