Experiências desenvolvidas com imigrantes são destaques em evento na USP
Com o intuito de socializar as experiências realizadas pelo Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV-IFRR) com os imigrantes venezuelanos, uma equipe da Diretoria de Extensão (Direx) participou, no período de 5 a 7 de junho, do 46.º Encontro Nacional de Estudos Rurais e Urbanos, do Centro de Estudos Rurais e Urbanos (Ceru) da Universidade de São Paulo (USP).
Evento – Este ano, o Ceru reuniu pesquisadores de distintas instituições brasileiras para discutir temas relacionados com educação, religião, questões sociais e trabalho, teorias e conceitos, migração, questões rurais e questões culturais. O IFRR, representado pela diretora de Extensão do CBV, professora Marilda Vinhote Bentes, e pelas acadêmicas Kaylla Elizabeth Corrêa da Silva e Francimar Matias de Souza, do curso de Licenciatura em Letras/Espanhol e Literatura Hispânica, divulgou três importantes ações.
Em formato de apresentação de pôster, foram apresentados os trabalhos “Desconstruindo o Racismo”, de autoria de Francimar, Kaylla e Joyce Leila Gervásio Bezerra, orientadas pela professora Marilda Bentes; e “Incluindo a partir dos numerais”, de autoria de Francimar, Joyce, Ana Paula de Souza Macena e Jecksivan Sapará Bento, também orientados por Marilda. “Ambos os pôsteres trataram de relatos de experiência a partir da aplicabilidade dos projetos “Racismo, para quê?” e “Trabajando la inclusión a partir de los numerales”, respectivamente. Esses projetos foram realizados, por meio do componente curricular Estágio Supervisionado do curso de Licenciatura em Letras/ Espanhol e Literatura Hispânica, em duas escolas da rede estadual de ensino e consistiram em ações extremamente significativas para minimizar o preconceito existente no que diz respeito aos imigrantes na escola em que se desenvolveu a intervenção”, disse Marilda.
Em formato de Comunicação Oral, foi apresentado também o trabalho “Construção identitária: eu... Wapixana?”, desenvolvido pela professora Marilda, que apresentou o processo da construção identitária de uma imigrante indígena, falante das línguas wapixana, portuguesa e inglesa, que saiu da Guyana Inglesa para viver no Brasil em virtude de problemas de saúde e que, mesmo em tratamento, conseguiu estudar e trabalhar. “A pesquisa mostra as várias facetas da entrevistada e como ela, com identidade híbrida, foi capaz de ultrapassar barreiras nos meios sociais, em nome de seus interesses, trazendo consigo culturas e conflitos diversos, pois o uso das línguas faladas por ela são momentos transitórios, mas que retornam em seu convívio continuamente”, explicou a pesquisadora.
Intercâmbio – O evento congrega pesquisadores nacionais e estrangeiros para a discussão de trabalhos de pesquisa, questões de metodologia e temas atuais nas áreas das Ciências Humanas e Sociais. “Participar do Ceru foi uma honra, pois me possibilitou demonstrar a vivência que tenho como moradora de Roraima, expondo as reais situações relacionadas às questões indígenas e ao fluxo migratório. Ao discutir os temas, observei que as instituições de ensino estão empenhadas em contribuir, seja na forma de sensibilização, seja na de disseminação de conhecimento”, relatou Marilda.
A professora relatou ainda que as discussões proporcionaram trocas de experiências exitosas com foco no aprimoramento do trabalho que já vem sendo feito. “Vários estados brasileiros deixaram marcas por tratarem de assuntos que trouxeram à tona questões históricas, culturais, sociais, políticas e econômicas do Brasil, principalmente as que envolvem a sala de aula. Me senti agradecida e motivada em poder compartilhar características próprias de Roraima e como o povo roraimense lida com as situações cotidianas, isso destacando o papel que o IFRR exerce diante das situações que envolvem a responsabilidade social em termos educacionaI e profissional. Para mim e para minhas orientandas Kaylla e Francimar, o evento foi uma forma de capacitação, pois trouxe não só a ampliação do nosso conhecimento mas também a possibilidade de aperfeiçoarmos nossas habilidades para um fazer pedagógico mais consciente e reflexivo”, finalizou Marilda.