NAPNE – Oficinas de letramento serão ofertadas à comunidade surda

por Virginia publicado 16/08/2019 21h46, última modificação 16/08/2019 21h46
As Oficinas de Letramento em Libras, Matemática e Português começam a partir do dia 20 e seguem até 3 de dezembro.

O Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas do Campus Boa Vista (Napne/CBV) iniciará, a partir do dia 20, mais um ciclo de oferta das Oficinas de Letramento em Libras, Matemática e Português. O público-alvo são pessoas surdas das comunidades interna e externa.

As oficinas começam no próximo dia 20 e encerram-se em 3 de dezembro. Cada turma atenderá 20 alunos, e as aulas ocorrerão das 8h às 11h, para as turmas da manhã, e das 14h às 17h, para as turmas da tarde. Com carga horária de 30 horas, as aulas serão ministradas pelos professores Anazita Lopes (Libras), Esmeraci do Nascimento (Português) e Adnelson Jati (Matemática).

De acordo com a professora Esmeraci do Nascimento, coordenadora das oficinas de letramento, o campus tem três alunos surdos matriculados, que são atendidos por tradutores e intérpretes de Libras e, para garantir a inclusão desses estudantes, além do apoio profissional em sala de aula, a equipe do Napne desenvolve, desde 2016, oficinas de letramento. “O projeto começou para atender especificamente nossos alunos do Campus Boa Vista e também do Campus Boa Vista Zona Oeste, que, à época, funcionava aqui. Faz parte da política de educação inclusiva, com o enfoque no Atendimento Educacional Especializado (AEE) e visa propiciar o desenvolvimento de habilidades da língua portuguesa, tanto a leitura como a escrita. Com o passar do tempo, passamos a ofertar algumas vagas para a comunidade externa também, o que para o letramento foi muito válido, pois os surdos se sentem mais motivados a estudar e aprender com seus pares”, explicou Esmeraci.

Atualmente, o Napne trabalha em parceria com a Associação de Surdos de Boa Vista, o que possibilita a ampliação do número de vagas para todos os letramentos e a inter-relação social entre a comunidade surda, favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem.

Letramento – O primeiro letramento a ser ofertado foi em português, a partir do qual se percebeu que os surdos também precisavam ser alfabetizados em outras áreas. “A equipe percebeu que os alunos tinham outras dificuldades, por exemplo, em Libras, e que, sem a proficiência na L1, não conseguiam assimilar as informações da língua portuguesa. E também na matemática, pois não compreendiam os numerais, contas simples, preços e quantidades”, disse Esmeraci.

Impactos – Os impactos na comunicação e no aprendizado dos surdos, a partir do letramento, são visíveis, como explica Esmeraci. “Os principais avanços são o aprimoramento na língua portuguesa, tanto na escrita como na compreensão dos gêneros textuais; na ampliação do vocabulário, na aquisição de novos conceitos, na produção e na organização do texto, no aperfeiçoamento da Libras, entre outros”, disse. “Outro ponto positivo é que as oficinas se tornaram um ponto de encontro da comunidade surda, pois aqui eles conversam, aprendem juntos, trocam experiências. Ao final das aulas, sempre permanecem para conversar. Então, o processo educacional que o IFRR traz para a comunidade surda interna e externa, por meio dos letramentos, apresenta outras perspectivas para eles. Com relação ao letramento em língua portuguesa, especificamente, os surdos já não têm mais vergonha, não têm medo de se expor; sentem-se mais seguros para ir ao quadro quando solicitados. Hoje estão mais maduros”, concluiu.

Segundo a diretora-geral do CBV, professora Joseane Cortez, as ações do letramento são fundamentais para subsidiar os estudantes que chegam ao IFRR em busca de formação e preparação para a comunicação do dia a dia. “Os estudantes surdos passam por grandes dificuldades, principalmente na compreensão dos termos técnicos, portanto essa iniciativa do Napne foi fundamental para propiciar essa formação. Ao nos aproximarmos da comunidade externa, passamos a receber estudantes de vários lugares que desejam se preparar para ingressar no IFRR, ou em outras instituições. A partir da sensibilização do Napne, os professores abraçaram essa causa da inclusão como proposta de formação dessas disciplinas que são fundamentais para a compreensão de outras técnicas”, disse Joseane.

 

Virginia Albuquerque
CCS/Campus Boa Vista
16/8/19