NOSSOS AUTORES – Terceira reportagem da série destaca obra sobre defesa do conhecimento
A terceira reportagem da série “Nossos autores” apresenta o livro Pedagogia histórico-crítica e psicologia histórico-cultural: a defesa do conhecimento na educação das novas gerações. Ele foi organizado pelas professoras Bruna Ramos Marinho, ex-servidora do Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV/IFRR), e Alessandra Peternella, da Universidade Estadual de Roraima (Uerr).
Em 16 capítulos, a obra traz importantes discussões acerca da construção do conhecimento de forma emancipatória.
A pedagoga do Departamento de Apoio Pedagógico (Dape/CBV) Andreia Pereira escreveu, em conjunto com a professora Bruna, o capítulo cinco, que tem como título “Reflexões sobre a condução da Educação de Jovens e Adultos no Brasil”. De acordo com Andreia, a EJA no Brasil é uma modalidade de ensino que surgiu como conquista de um público que teve seu direito de acesso à escola banalizado pelas autoridades governamentais durante um longo período da história da educação brasileira, dado o elevado índice de analfabetismo evidenciado no País. “A criação de programas educacionais destinados ao resgate dessas pessoas às salas de aula é de fundamental importância para revertemos essa realidade. No entanto, não se pode achar que a EJA deve ser apenas direcionada para a inserção desse aluno no mercado de trabalho, considerando que a escola tem a função social também de formar para a vida. Uma educação que não vislumbre isso poderá contribuir para a exclusão do processo de humanização desse aluno, ainda que este esteja em sala de aula. Nesse sentido, o estudo teve o intuito de apresentar uma reflexão sobre como a educação destinada a esse público foi conduzida, ao longo da história, com base no materialismo histórico dialético”, esclarece a pedagoga.
Já Alessandra Peternella, da Uerr, explica que a obra apresentada constitui-se de escritos que têm como fundamento a Psicologia Histórico-Cultural e a Pedagogia Histórico-Crítica. “Essas teorias defendem como função social da escola a transmissão do conhecimento sistematizado, pautadas numa abordagem metodológica, dialética, materialista e histórica. Desse modo, a obra é de grande relevância no momento atual, no sentido de contribuir com nossas reflexões, uma vez que diariamente são difundidos opiniões e projetos de lei como o Escola sem Partido, além de ocorrer a aquisição de pacotes educacionais pelos sistemas públicos de ensino, entre outras práticas mercantis. Essas práticas dificultam o cumprimento, pela escola, de seu papel social e, quando não, negam-no totalmente, principalmente em relação à classe trabalhadora, justamente num momento como este, de tensões e acirramento das contradições sociais, que precisam ser compreendidas por todos nós, para termos mais clareza nas tomadas de decisões sobre os problemas reais com os quais nos deparamos”, diz a professora.